A ansiedade
tem sido descrita como um dos males do nosso tempo. Porém, a ansiedade é uma
resposta adaptativa do nosso organismo, que tem aspectos positivos. Por
exemplo, se tivermos uma apresentação num congresso, uma certa dose de
ansiedade mobiliza-nos para a ação: se estivermos muito relaxados, não nos
preparamos para a apresentação. O problema está quando a ansiedade é de tal
ordem que nos prejudica no dia-a-dia.
A ansiedade
pode ser definida como um estado de tensão emocional que se encontra associado
a uma reação de medo. São duas faces da mesma moeda: a ansiedade corresponde ao
processo emocional e o medo ao processo cognitivo. Este medo pode ser objetivo
(como ter medo de um animal, de alturas, de sítios fechados, etc.) ou mais
subjetivo (medo de não ser aceito pelos outros, de não ser suficientemente bom,
etc.), mas não deixa de ser medo.
Um dos
paradoxos da ansiedade é o fato de o medo que temos de que uma situação incômoda/indesejável
aconteça, parecer aumentar a probabilidade de que essa situação realmente
aconteça. No fundo, ficamos ansiosos para evitar a situação temida, mas ficamos
de tal forma absorvidos por esse medo que podemos fazer mesmo com que aconteça.
Por exemplo: um estudante que tem medo de falar em público e que vai ter um
exame oral, muito antes do dia do exame já revela uma ansiedade antecipatória
excessiva e incontrolável (“não vou conseguir”, “vou fazer figura de burro”).
Assim, no próprio dia, fica de tal forma ansioso, que a sua mente fica
efetivamente com um “branco” e não consegue falar. Se analisarmos com mais
rigor este e outros episódios de medo excessivo, notamos que a ansiedade afeta
praticamente todos os sistemas do corpo: o fisiológico (suor, aumento do ritmo
cardíaco, sensação de tonturas, etc.), o sistema cognitivo (antecipação ruminativa,
como “vai dar tudo errado”), o sistema motivacional (evitar o mais possível as situações
desagradáveis), o afetivo e emocional (sentimento subjetivo de medo, pânico ou
terror) e o sistema comportamental (com agitação ou a inibição do pensamento ou
da fala). Todo o nosso organismo fica absorvido pela ansiedade e pelo medo.
Quando a ansiedade e o medo são
intensos e prolongados no tempo podem desencadear verdadeiras perturbações, com
implicações bastante profundas no funcionamento da pessoa: o seu organismo
torna-se hiper vigilante, isto é, foca-se, mesmo que de forma involuntária, no
perigo ou na ameaça; simultaneamente, esta sensibilidade excessiva ao perigo
aumenta os pensamentos automáticos intrusivos que ativam a parte afetiva e
emocional; como está muito atento aos aspectos menos positivos das situações,
tende logo a pensar no pior cenário ou a imaginar catástrofes iminentes. Este
funcionamento faz com que a pessoa diminua a sua capacidade de manter a atenção
noutras tarefas do dia-a-dia, desgasta a sua energia vital, aumentando o risco
de depressão, e perde imensas oportunidades pelo medo, vivendo numa permanente
angústia por não conseguir controlar-se.
Nos casos em
que a ansiedade se torna num inferno, é importante compreender que, na maioria
das vezes, estes medos foram sendo desenvolvidos ao longo de anos, pela forma
como foi lidando com o mundo, com os outros e consigo próprio. Porém, como o
ser humano tem a maravilhosa capacidade de se construir e reconstruir, ser-se
“muito ansioso” não tem de ser uma fatalidade. A
psicoterapia é uma ajuda muito eficaz para lidar consigo mesmo de forma mais
tranquila e segura. Não se deixe absorver pelo medo, procure ajuda.
Autora: Susana Matos
Oficina de Psicologia
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